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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um zagueiro importado

A turma do futebol sempre tem boas histórias para contar. São causos, piadas internas, lances inesquecíveis. No Azenha, não é diferente, Só que a história que vem a seguir, nem todos conhecem.

Quando ele apresenta o documento de identidade cor de rosa, necessariamente, é preciso explicar: ele é francês. Sim, francês da França. O português com sotaque não deixa mentir. O zagueiro Adrien Paris, torcedor do Olympique (e do Botafogo?!?!) é quem conta como é que ele veio parar num time de várzea de Porto Alegre.

Blog do Azenha
: Como é que descobriste o Azenha?
Francês: Foi por um meio inusitado. Depois de umas procuras na internet, encontrei o blog do Azenha, aí entrei em contato com o Tech. Ele me respondeu positivamente pedindo para eu aparecer com o Marco (Ninho) no futebol 7. Em seguida, me convidaram para participar do meu primeiro jogo com o Azenha. Aí estava eu! Após as zoações iniciais por eu ser francês e torcedor do Botafogo, fizeram eu me sentir em casa. Cheguei num momento importante da Copa Farroupilha e logo senti que o time tinha capacidade e vontade de alcançar objetivos elevados.
  
BA: Como um cara com um sobrenome tão "chique" (Paris) virou zagueiro? Tu não achas que este nome combina com atletas de outras posições tipo um meio campo classudo, com toque de bola, ou um atacante refinado, estilo driblador? heheh
Francês: Quem disse que um zagueiro não pode ser chique??? Vai das preferências de cada um. Alguns zagueiros marcaram o futebol não somente pelos seus carrinhos e presença física, mas também pelas suas saídas de bola limpas, segurança bola no pé e leitura do jogo...

BA: Como te defines como jogador?
Francês: Talvez minhas principais características sejam que eu possuo uma boa antecipação, bom cabeceio e que não tenho medo de ir ao combate... nem de acabar no chão como já podem ter reparado. O fato é que nunca fui muito veloz ou bom tecnicamente, então tive que compensar com meus pontos fortes para ser um zagueiro difícil de passar no mano a mano.   

BA: Tem futebol de várzea na França? Fala um pouco sobre a tua vida futebolística no Velho Mundo.
Francês: Comecei aos 8 anos, jogando como todos nas bases do time da minha cidade de 2.000 habitantes (Saint Vallier de Thiey, na região das Alpes Maritimes). Fui naturalmente colocado na defesa, ajudando nas laterais quando precisava, mas onde mais atuei mesmo foi como líbero e zagueiro. Aí continuei jogando no time até uns 16 anos. Na época, o time estava nas divisões mais baixas da liga regional do campeonato amador organizado pela FFF, e também participávamos de torneios regionais. Mas depois os estudos tomaram o meu tempo e só voltei a jogar no campeonato inter-faculdades com uns 21 anos. 

BA: Existe diferença entre o futebol amador jogado no Brasil e o futebol jogado na França?
Francês: Primeiro, acho muito difícil comparar os dois. Porto Alegre seria, na França, a segunda maior cidade em termos de população. Lá, geralmente, as grandes cidades têm uns times e cada cidade menor tem um, ou até não tem. Portanto, não tem tanta necessidade de organizar campeonatos "paralelos" que nem os que estamos jogando. E nem sei se existem tais campeonatos. Eu acho que o Brasil tem, nesses campeonatos, uma grande reserva de bons jogadores que atuariam em campeonatos mais "profissionalizados" se fosse na França. 

BA:  Qual teu grande ídolo no futebol?
Francês: Sem grande surpresa vou apontar para um zagueiro... "O Presidente" Laurent Blanc é quem mais admiro no futebol. Ele atuou no OM de 1997 a 1999 e também obteve sucesso na Itália, no Internazionale de Milão, e na Inglaterra, no Manchester. Sem esquecer a Copa do Mundo de 98 e a Eurocopa 2000 com a camisa da França. Era um grande líbero, daqueles que deram classe e exposição midiática à posição.

BA: O desempenho na última Copa deixou claro que a seleção tinha problemas. O futebol francês está em crise?
Francês: Acho que passamos por uma crise sim, como o Brasil também passou. Dos dirigentes até os jogadores, todos tiveram culpa neste desempenho muito ruim. Alem disso, ficamos 6 anos com um técnico muito ruim que só conseguiu alcançar a final da Copa do Mundo de 2006 graças à volta do Zidane aos gramados. Mas também temos que nos conformar, a geração atual não é tão boa quanto aquela que ganhou a Copa de 98 e a Eurocopa de 2000. Quando é assim, tem que voltar aos fundamentos do futebol, impor jogadores com mais raça e vontade de representar seu país.  Agora é a hora de reconstruir.

BA: Pra quem tu vais torcer em 2014?
Francês: Pro Azenha!!! Essa é uma pergunta difícil. Desde que eu cheguei ao Brasil, me apeguei bastante ao país e sua cultura. Quem me conhece chega a dizer zoando que sou mais brasileiro que francês. Eu fiquei meio decepcionado pela falta de valores mostrada pela França na ultima Copa, e nem tanto pela eliminação já na fase de grupos. E fiquei mais triste com a eliminação do Brasil. Mas agora a situação é outra, e quando chegar um BrasilxFrança estarei torcendo para que continue a nossa série de vitórias em cima do Brasil.  E se não acontecer, tudo bem ainda terei um time para torcer...

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